Nov/2020 por Jornet
Na Praça da Figueira
Ou no Jardim da Estrela
Num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno
O Homem Das Castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida
E apregoa como um desafio
É um cartucho pardo a sua vida
E, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra
Um chapéu esburacado
No peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
O homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia
Voz rouca com o travo da pobreza
Apregoa pedaços de alegria
E à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor pra casa
Quem quer quentes e boas (quentinhas)
A estalarem cinzentas (na brasa…)
Intérprete: Carlos do Carmo
Poema de Ary dos Santos